Como o inconsciente se manifesta



Desde o nascimento, a pessoa vive experiências conscientes dotadas de carga afetiva. Paralelamente, vivencia experiências inconscientes e reprime o conteúdo traumático. Esta repressão pode ser só da carga afetiva, só da lembrança ou de ambos.

O que foi reprimido fica armazenado no inconsciente para evitar o sofrimento da pessoa, o que é chamado de processo primário - momento em que ocorre a repressão.

O processo secundário é quando, em algum momento da vida, o que foi reprimido no processo primário vem à tona. Porém, pode acontecer da pessoa não querer lidar com isso, o que gera um sintoma, ato falho, chiste ou sonho, de forma que o inconsciente transforma o conteúdo para vir à tona.

Atenção: nem todo sonho ou ato falho é tratado em uma análise, somente aquele conteúdo que incomodou ou foi muito significativo, de alguma forma. Veja algumas formas de manifestação do inconsciente que podem ser analisadas:

Sintoma: Nem sempre é um adoecimento, pode ser um padrão recorrente. Por exemplo, alguém que tem dificuldade de se relacionar no emprego de forma recorrente pode estar manifestando um sintoma.

Ato falho: Quando a pessoa tem uma ação diferente do que planejou ou gostaria de ter, ou falha em algo que costuma fazer com sucesso. É comumente tratado como engano, mas para a análise refere-se a algum conteúdo que deseja "sair", sendo tratado como um "dado" psicanalítico. Esquecimentos também podem sinalizar atos falhos (o que esta ação/engano/esquecimento representa?). Também pode ocorrer quando há uma falha na linguagem (ex: quero dizer cansado mas digo casado), que atualmente recebe o nome de "parapraxia". Podem ser erros de linguagem, memória ou comportamento. É o famoso "sem querer querendo".  Podem aparecer em forma de linguagem, memória ou comportamento.

- Linguagem: Errar a escrita, trocar letras, ler errado, falar errado, trocar nomes, gaguejar. Por exemplo, se digo "ato fálico" ao invés de "ato falho", naturalmente há um conteúdo sexual embutido.

- Memória: O famoso "deu branco", ou esquecer o nome de uma pessoa ou de uma figura histórica... Por exemplo, se esqueço de ligar para alguém, para o inconsciente, não havia um desejo real de ligar. Esquecer de uma consulta pode ser resistência ao tratamento. Pode sinalizar um desejo ou uma recusa, ou ainda um representante da pulsão ou significante.

- Comportamento: Cair, quebrar, derrubar, tropeçar, ações ligadas ao descontrole motor, como por exemplo, as pessoas "desastradas". Aqui aparecem duas pontas: o desejo de fazer algo de um lado, e a repressão do outro lado, causando o ato falho.

Porém, nem sempre é um conteúdo inconsciente, pode ser somente um equívoco.

Chistes: São as famosas piadas, quando se fala em tom de brincadeira o que realmente a pessoa quer dizer. Como dizem, "toda brincadeira tem um fundo de verdade", por ser uma manifestação do inconsciente. Pode agir como um "laço social", pois um passa para o outro, como os "memes". É uma manifestação que gera prazer, pois ao mesmo tempo, a pessoa se diverte. Os chistes que mais chamam a atenção em análise são aqueles em forma de ironia ou cinismo, onde notadamente há uma dor encutida.

Sonhos: Trazem os conteúdos inconscientes de forma simbólica. Nos sonhos, as informações ganham características conhecidas como condensação e deslocamento para conseguir transpor a barreira de censura do inconsciente. Desta forma, é preciso interpretar o que está além do que aparece na tela mental, e demanda conhecer seu cliente para que esta interpretação seja de fato útil.

Em uma sessão de análise, é importante que o Psicanalista preste atenção aos sintomas, bem como, que o analisando fale sobre episódios que incluem sintomas e sobre seus sonhos.


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