O lance é acomodar

No ano passado questionei por que as crianças teriam aparentemente maior capacidade de aprender. Já no final do ano talvez eu tenha encontrado a resposta assistindo a um vídeo sobre psicologia educacional para fazer minhas provas da faculdade.
O professor, muito bom por sinal, explicou que criamos esquemas de aprendizado que vão se aperfeiçoando com o avançar dos anos e nos permitem organizar nosso cérebro. Bem, de certa forma não concordo com essa afirmação...Esses esquemas são criados a partir de algumas etapas que vou explicar brevemente:

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  • Assimilação:  é a incorporação de algo novo com as ferramentas que já possuímos nos esquemas cerebrais, ou seja, incorporar algo novo parecido com um padrão que já conhecemos. Por exemplo, eu aprendi a descascar uma laranja; na primeira vez que for descascar uma maçã usarei o mesmo método. 
  • Acomodação: atenção para esse tópico! Ocorre quando não encontramos uma ferramenta no cérebro para resolver uma nova situação. Então precisamos descobrir, criar um novo meio para resolvê-la. Usando o exemplo acima, se eu for descascar uma espiga de milho não conseguirei fazê-lo como no caso da laranja ou maçã. Precisarei desenvolver um novo método ou modificar um já existente para concretizar meu objetivo.
  • Adaptação: ocorre quando os dois processos anteriores estão em sintonia.
  • Equilibração: é quando as etapas anteriores estão finalizadas, ou seja, algo que causou desequilíbrio foi resolvido através dos processos anteriores e passou para uma situação de equilíbrio...
...Até que seu castelo interior seja momentaneamente destruído e comece tudo de novo! Acho lindo esses processos da vida, embora muitas vezes possam ser dolorosos. Analisando esses tópicos, cheguei à uma conclusão: os adultos, por "n" motivos, diminuem a capacidade de enfrentar a etapa da acomodação. Perdem seu espaço para o medo do novo. 
É frequente vermos adultos que, não encontrando uma solução para uma nova situação, retornam para os esquemas de assimilação e não enfrentam a possibilidade de precisar descobrir um meio de resolvê-la que ainda não esteja no seu cardápio cerebral.  Prendem-se à situações que lhe causam sofrimento porque o conhecido lhe parece seguro, ao passo que o desconhecido exige muito mais de sua capacidade de pensar, experimentar, cogitar e talvez, errar. Soma-se à isso a carga de responsabilidade que a idade traz e o receio de ser condenado ou se sentir culpado por ter errado. Creio que praticamente todos nós já passamos por situações assim, em que buscamos o conforto da assimilação em detrimento da acomodação. E então, será que isso representa mesmo uma evolução cerebral ou somente do instinto de defesa?
Aqueles que continuam enfrentando os processos de acomodação são os que chamamos corajosos ou ousados.Permitem-se descobrir, experimentar, criar, enfrentar...
Portanto, se a partir de agora alguém disser que você é acomodado, responda em alto e bom tom: "obrigada!". Isso se você estiver disposto a se encaixar no contexto das pessoas que procuram resgatar da infância os conhecimentos inerentes ao instinto de desenvolvimento e crescimento pessoal. Nunca é tarde para buscar no curso natural do aprendizado de vida a resposta para realizar o que deseja, afinal, quanto mais conhecimento temos, maior nossa capacidade para ser feliz. Não é assim que deve ser?
Ouse, e comece agora. A ousadia nos leva mais longe, ou no mínimo nos dá mais histórias para contar!

"Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia."
Goethe

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Desafio nº 31:Contabilidade
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Com caneta e papel na mão, resolveu fazer a contabilidade da sua vida. Eram 37 anos de idade, 13.532 dias...desistiu de calcular horas, minutos e segundos, sentindo o peso do tempo. Mudou o foco da conta. Registrou coisas boas que se foram e aquelas que virão. 5 folhas de lembranças felizes, 20 folhas em linhas bem traçadas de sonhos a conquistar...esqueceu de subtrair tristezas. Importante é que chegue ao fim dos dias com saldo positivo.

Essa foi minha participação para o blog Histórias em 77 palavras, cujo objetivo era escrever uma história sobre matemática.

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