O disco riscado
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É interessante a passagem do tempo...cresci em meio a discos de vinil, como esse da imagem. Na casa dos meus pais era uma profusão de músicas românticas e serestas, com os embalos de Nelson Gonçalves, Roberto Carlos, Julio Iglesias...havia também discos de concertos e música clássica, uma paixão do meu pai, e alguns exemplares de Clara Nunes e Seleções de Sambas Enredo, pensando bem um gosto bem variado, hahaha.
Mas como eu já disse uma vez, minha paixão eram as músicas do universo pop/rock, incluindo as românticas nesse estilo. A realização morava na casa de uma tia, com a coleção de vinis dos meus primos. Pink Floyd, Aerosmith, Peter Framptom, Paralamas, Legião, nossa, era uma festa! A família deles sempre teve hábitos peculiares, sem tv, com um universo de livros e música, com as quais eu me identificava imensamente, e até hoje é assim. Fechando os olhos posso quase sentir o cheiro do canto onde ficavam o 3 em 1 e a pilha de discos, no chão gasto de carpete marrom com almofadas espalhadas em volta e um violão para acompanhar. Essa mesma paixão me fez aprender o caminho de sebos da capital onde eu ia ajustar o aparelho ortodôntico. Juntava dinheiro do lanche para comprar algum exemplar a "preço de banana" e saía de lá, feliz da vida com um disco de segunda mão. E quando eu trabalhei na rádio, então? A era de cds estava só no começo, então eram estantes e mais estantes de discos catalogados onde eu me perdia e escolhia muitas vezes a música que falava o que eu queria dizer para quem amava (amo). Senti saudades.
É curioso também quando a escrita toma um outro rumo...entrei para falar sobre uma coisa e me perdi nas lembranças. Voltando então...para os novatos que já pegaram a era de cds e mp3, vou explicar rapidamente sobre os lps, esses bichinhos de vinil que hoje são usados para fazer vasos ou porta-chaves (e viva a era da reutilização). As músicas são gravadas nessas faixas concêntricas que são tocadas por uma agulha fininha presa nesse suporte quadrado (São? Será que ainda fabricam?). Uma faixa é separada da outra por uma faixinha um pouco mais grossa e vazia. Eu gostava de observar a agulha se movendo conforme a plataforma girava e tocava música, tanto quanto gosto de ver a máquina de lavar roupas girando para lá e para cá. Cada uma!
É preciso muita delicadeza para não arranhar o disco num movimento brusco, caso contrário...lascou-se! O risco é fatal para a delicadeza da agulha, que não consegue executar seu trabalho com maestria e acaba engatando em uma palavra ou trecho. Algo como "Agora aguenta coração...ção...ção...." ou "Assim você mata o papai...mata o papai...mata o papai.." e por aí vai. Não há salvação, só um toque sutil na agulha para que pule a parte riscada é capaz de salvar a música da chatice da repetição contínua.
É bem possível que daí advenha o termo "nossa, parece um disco riscado" quando um pensamento, sentimento ou sensação se repete várias vezes negativamente. Curioso...por que a vida não pára no que é bom? Acho que vou riscá-la quando estiver num momento desses, hahaha.
Bem, fiz essas considerações porque tenho metas bem definidas em minha vida que envolvem algumas pessoas e como sabem estou estudando para um novo concurso. E como falta menos de um mês para a realização, estarei mais empenhada nos estudos. Talvez eu fique alguns dias sem postar, para poder realizar minhas visitas, da qual tenho sentindo muito falta. E nesse momento qualquer coisa que eu fale pode soar como um disco riscado que não pula para outra faixa...
Esse é o ano de trocar a faixa, o disco, e deixar rolar a música que escolhi para tocar na minha vitrolinha. E para ouvi-la, ao meu lado, as pessoas que eu amo, inclusive ele ♥. Mas uma nova vida não se compra com o dinheiro do lanche em um sebo ou magazine, então estou buscando construir a minha (a nossa).
Retornarei para postar quando for possível, mas continuarei visitando.
E você? Me conte...está vivendo a música que escolheu para sua vida?
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Desafio nº 34: Simples
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Vai passar, isso acontece...Não adianta ralhar com a vida, contar estrelas ou consolar a si mesmo. Os sítios onde procura abrigo não são seguros para esquecer. Aconselhar nem sempre é a melhor saída, mas se estiver conosco, não irá atrapalhar e sentir-se-á segura. Entenda que os mais tolerantes e pacientes trazem gravados nas frases de suas esquinas as histórias que carregam nos ombros, mas compreendem que pode ser mais simples se assim escolhem escrever seu futuro.
Participação para a História em 77 palavras, cuja regra era usar as palavras abaixo na sequência em que se apresentam, podendo modificar os verbos.
passar/acontece/ralhar/contar/consolar/sítios/procurar/esquecer/aconselhar/conosco/atrapalhar/pacientes/
frases/esquina/ombro/simples
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Agradeço a todas as manifestações de carinho que recebi no último post, estou tranquila no novo emprego e assim que me estabelecer contarei pra vocês (isso se eu não passar no novo concurso, hahaha).
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