A Dificuldade de Leitura em Alunos do Ensino Superior: "Deficiência" ou Falta de Hábito?

 


A importância da leitura no processo educacional é fundamental, primeiramente, para a construção de cidadãos conscientes, já que esta questão não é apenas social e sim cultural. Com garantir a continuidade de certa cultura, se as novas gerações não conseguem colocar em prática aquilo que foi deixado pela tradição e escrita pelos antepassados, alertando para a fragmentação do ensino que perpassa pela falta de hábito de leitura.

Com o advento da internet, vislumbrou-se que a mesma iria sanar a dificuldade de leitura dos alunos, porém não foi isso que aconteceu porque em inúmeros casos a rede mundial é utilizada para redes sociais e pesquisas sem um cunho acadêmico e/ou profissional. Isto alarga o abismo que há no ensino superior, pois com o pouco interesse e a falta de mecanismos para solucionar esse problema o Brasil tem formado em sua grande maioria alfabetizados funcionais.

O exercício da leitura não se limita ao meio acadêmico, o hábito de ler influencia na vida social do indivíduo e da sociedade, principalmente neste mundo moderno é uma das exigências para se configurar como ser racional. Desde que o ser humano se entende como ser pensante ele necessita da leitura na construção da linguagem, porque todo homem se comunica e em pleno século XXI precisa se expressar, ter opinião crítica e conquistar seu espaço no mundo.

A cultura brasileira é influenciada por aquilo que é necessário no presente momento e que dê lucro, como não se criou uma formação educacional para a leitura, a família terceirizou e deixou a cargo da escola essa responsabilidade. A iniciação à leitura deve começar na infância, porém tem que se verificar que a realidade socioeconômica do Brasil não incentiva nem a leitura como a compra de livros, tornando essa prática secundária entre as famílias.

Para alguns estudiosos a leitura tem um processo com duas etapas, a decodificação de sinais e atribuições de sentido, onde a leitura não é um ato passivo e sim ativo, sendo uma ponte que liga o conhecimento ao mundo e insere o leitor como protagonista de mudança. O grande vilão da leitura é o comodismo, ou porque geralmente na universidade se é obrigado a ler muito, porém se lê por obrigação e não por prazer e amor à leitura e ao saber. 

Outro problema é a explosão de instituições particulares, que em sua grande maioria não tem compromisso com a qualidade, piorando ainda mais a deficiência da educação e do ato de ler. Os primeiros anos da educação brasileira deveriam cumprir o papel de formação desses leitores, no entanto, ela se encontra falida, sem um verdadeiro projeto educacional e sem recursos humanos e físicos para revolução na solução dessa dificuldade generalizada.

A leitura é uma janela por onde os estudantes podem conhecer e viajar pelo mundo, sem o ideal e o sonho de um país melhor e de uma educação de qualidade e universal jamais o Brasil será uma nação  desenvolvida. É fato dizer, que os alunos não podem se eximir do seu papel de verdadeiros agentes de mudança no contexto que a educação engatinha hoje, porque é a partir da consciência e do comprometimento que se pode transformar essa realidade.


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