As Psicoses de acordo com a Psicanálise

 


Uma das estruturas de personalidade pontuadas por Freud foi a estrutura psicótica. Neste caso, ocorre um desequilíbrio no relacionamento entre o Ego e o Mundo externo. Perde então a catexia, que é a energia psíquica canalizada para o objeto, e as percepções deixam de produzir o efeito esperado. O indivíduo cria um novo mundo baseado no mundo interno.

Com a dissociação do mundo externo, a pessoa acredita que suas fantasias baseadas no mundo interno são a realidade, quando na verdade são somente uma projeção.

O neurótico faz um novo arranjo da realidade sem no entanto repudiá-la, evitando o que considera ameaçador e ignorando uma parte censurada. Já o psicótico constrói uma nova realidade para si, criando algo novo sobre o que repudia, e acreditando plenamente em sua construção.

Em algum momento específico, pode ser que um neurótico desenvolva esta conduta, sendo porém uma conduta pontual por conta das circunstâncias, ou seja, sem que seja caracterizado como neurótico. Bion diz que temos núcleos psicóticos e neuróticos, e a administração destes núcleos é determinante.

Para o psicótico, o que ele vive é real, por esse motivo não acreditará se alguém externo disser que não é, mesmo que não seja.

Um ponto em comum entre as duas estruturas é a frustração, seja do em relação aos seus desejos ou vinda do mundo externo. O psicótico tende a ter maior intolerância à frustração, sendo que, quando esta frustração é mais intensa, podem ocorrer os surtos, que representa o ápice da baixa tolerância à frustração, perdendo o próprio controle.

O mecanismo psicótico representa a tentativa de restauração do laço original, rompido através da cisão. Por exemplo, se achamos que alguém quer nos fazer mal,  automaticamente questionamos se isto é real, qual é o embasamento. O psicótico, não realiza este questionamento, passando a viver como se esta ideia fosse plena verdade, pois não consegue separar o que se passa no seu mundo interior (realidade subjetiva) do mundo exterior.

A psicose se utiliza de mecanismos de defesa específicos, como a negação, a projeção e a cisão, para lidar com a angústia e a frustração.

Alguns sinais de um comportamento psicótico são:

  • Vozes sem fundamento
  • Comportamento agitado ou confuso
  • Crenças e preocupações
  • Percepções totalmente diferentes da realidade
  • Medos estranhos ou exagerados
  • Sentimento de perseguição ou desconfiança

Também pode surgir a paranoia, quando uma ideia de impacto profundo torna-se insuportável, sendo então recalcada. Esta energia não consegue ser reprimida e a pessoa precisa então projetá-la em outra pessoa ou situação, como se tivesse originado a angústia, levando aos delírios, que são uma alteração da percepção. Pode ser sinalizado por um padrão repetitivo.

No caso de sintomas, é necessário buscar ajuda psiquiátrica, pois o uso de medicamentos é necessário para restaurar a qualidade de vida da pessoa. Se possível, o acompanhamento com um psicólogo ou psicanalista também pode ajudar.


Leituras complementares sugeridas:

  • Três Ensaios sobre a Sexualidade (1905) - Sigmund Freud
  • O Ego e o Id (1923) - Sigmund Freud
  • O Mal-Estar na Civilização (1929) - Sigmund Freud
  • Totem e Tabu (1913) - Sigmund Freud
  • Delírios e Alucinações em ‘A Neurose Psicótica’ (1924) - Sigmund Freud

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